NARRAR, FAZER, GESTAR

A Primeiro Movimento está afinada com o resgate da experiência de “fazer” e “cuidar” como uma maneira de vincular-se, com prazer, ao outro e ao mundo: cuidar do bebê, fazer pipoca, construir brinquedo, escrever cartas, bordar enxoval, lavar a bicicleta… e muitos outros fazeres e afazeres do convívio com as crianças pequenas.

[foto do trabalho na Estação e da gestante da Natura costurando]
Legenda: Oficina do brinquedo. Estação Maylasky
Curso de Gestantes. Natura

“A alma, o olho e a mão estão assim inscritos no mesmo campo. Interagindo, eles definem uma prática. Essa prática deixou de nos ser familiar. O papel da mão no trabalho produtivo tornou-se mais modesto, e o lugar que ela ocupava durante a narração está agora vazio. Pois a narração, em seu aspecto sensível, não é de modo algum produto exclusivo da voz. Na verdadeira narração, a mão intervém decisivamente, com seus gestos aprendidos na experiência do trabalho, que sustentam de cem maneiras o fluxo do que é dito. A antiga coordenação da alma, do olhar e da mão(…) é típica do artesão, e é ela que encontramos sempre, onde quer que a arte de narrar seja praticada. Podemos ir mais longe e perguntar se a relação entre o narrador e sua matéria – a vida humana – não seria ela própria uma relação artesanal. Não seria sua tarefa trabalhar a matéria prima da experiência – a sua e a dos outros – transformando-a num produto sólido, útil e único?” (Walter Benjamin. O narrador – Consideracões sobre a obra de Nikolai Leskov)